quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A POLÊMICA TOLENTINO-CAMPOS REVISITADA (COM UM ADENDO)


              Renato Suttana

Tolentino esbravejou forte
contra esse aspecto de esquimó
que misturava – estranho esporte –
risos e caras de dar dó.

Falar com o travesseiro não
convém, a não ser numa urgência,
como ante a ameaça de um tufão
ou coisa de igual pertinência.

Mas fique lá o relógio, quieto
e empoleirado sobre a porta,
e passemos ao que é concreto,
ao que de fato nos importa:

Arnaut Daniel, Corbière, Marino,
Hopkins, Gregório, Kilkerry
João Donne, John Airas, Aretino,
e até mesmo Pignatari

(forçada a rima, já bem gótica),
eu citaria, com prazer;
mas com "pessoa intersemiótica"
não saberia o que fazer;

e rimava o meu "arrebol",
que o Tolentino detestou,
com "girassol" ou "rouxinol",
(pois ele é ele, e eu, eu sou);

já "traquitânia colonial",
"emocional verborragia"
ou até "culinária verbal"
são termos que eu não usaria.

(E, embora o Campos desaprove,
darei mais uma estrofe ao poema,
pois o meu eu quero com nove,
mesmo que nada acresça ao tema:

para evitar – tenho pensado –
futuras precipitações,
proponho um abaixo-assinado
contra todas as traduções.)

ADENDO

Pena no poema não caber
a Spaghettilândia, esse espanto,
pois ao dez chego sem querer,
e haja paciência para tanto...

Conheça o ótimo site do autor AQUI.

Um comentário:

jorginho da hora disse...

muito bom. Como gosto muito de rima, não posso deixar de notar o ritmo
suave, quase deslisante dessas rimas.