sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lançamento do Livro de Sanumá, de Leo Janicsek, acontece neste sábado em Itacaré


Neste sábado, 30 de junho, às 19 horas, acontece em Itacaré, no Casarão Verde, um grande sarau em comemoração ao lançamento do “Livro de Sanumá”, de Leo Janicsek, vencedor da primeira edição do Prêmio Bahia de Todas as Letras de Contos. Embora seja gaúcho, Leo está radicado há muito tempo em Itacaré, localidade onde ambientou a trama de sua ficção que sai publicada pela Mondrongo Livros e em outros três idiomas, além do Português. 

O conto está repleto da sabedoria indígena e a história de Sanumá (personagem central da trama), segundo Jorge Alessandro Sousa, Professor de Literatura Brasileira, brota como em um poema. Leo Janicsek parece nos convidar ao princípio das tradições orais, às mais primitivas cosmologias reveladas à roda da noite, entre cantos e pajelanças, pela voz do guardião das histórias. Seu conto é a comunicação poética das mais profundas necessidades humanas diante do mundo apressado e pragmático, cultivado pela sociedade de consumo.

Já vi gente extremamente emocionada após a leitura do “Livro de Sanumá” e estou certo de que é uma ótima pedida. Aliás, quem quiser adquirir o livro é só CLICAR AQUI.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A graça da tradução - Sugestão de leitura


          Ivo Barroso, um dos maiores especialistas em tradução no Brasil, foi entrevistado por Pedro Paulo Rosa para o blog O Hélio. O papo tá legal e a leitura me parece indispensável. O tradutor de Edgar Allan Poe e Shakespeare afirma, entre outras coisas, conhecer bem as literaturas de língua espanhola, inglesa, francesa, italiana e alemã, entretanto assume ter dificuldade em falar todas elas, mas em traduzir, função que, para ele, não tem muita relação com a expressão oral. É um trabalho quase em segredo, sem que se murmure uma palavra sequer.                                                                                                         
Para visitar é só CLICAR AQUI.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Jorge Amado, poeta?


Escritor consagrado, em 1938 Jorge Amado fez imprimir a edição de um livro de poemas em prosa - A estrada do mar -, sem veiculação comercial e distribuição restrita apenas para os amigos. Livro raríssimo, a essa altura pertencente à categoria das preciosidades literárias brasileiras.
Não obstante, ao longo do tempo algumas pessoas não mediram esforços no sentido de aproximar a prosa amadiana da poesia lírica, dispondo em versos algumas passagens dos seus romances, o que me parece um tanto forçoso, desproposital, afinal, entre prosa poética e poesia em prosa há uma distância considerável, ainda que o autor em questão em muitos momentos se esforce para diminuir as barreiras entre a linguagem denotativa, característica da prosa, e a conotativa, característica da poesia. Equivale dizer que na prosa poética, ao final, vence a prosa, enquanto no poema em prosa, impera a poesia. Isso não significa que eu não acredite na possibilidade de novas leituras da obra do mais canônico e popular escritor baiano.
Quem não resistiu à tentação de dispor a prosa de Amado em versos foi a fotógrafa Maureen Bisiliat, na edição de Bahia Amada Amado, obra de grandes proporções, com ótima encadernação, título em relevo e fotos impressionantes. Ela escolheu textos indiscutivelmente poéticos, mas que de modo algum poderiam ser dispostos em verso, como se dessem a entender que são, de fato, poemas em si. Bom exemplo é o trecho abaixo de O ABC de Castro Alves:  

No tempo do poeta Castro Alves
Os negros eram escravos comprados em leilões,
Mercadoria que se vendia, trocava e explorava.
E em troca de tudo que eles deram ao branco,
Sua força, seu suor, suas mulheres e filhas,
A maciez da sua fala que adoçou a nossa fala,
Sua liberdade,
O branco lhe quis dar apenas,
Além do chicote, os deuses que possuía.

            Não deu certo. A linguagem é toda denotativa, descritiva e linear como o autor concebeu, ameaçando beijar a poesia apenas quando diz que “A maciez da sua fala que adoçou a nossa fala”. Muito pouco para um poema.
            O poeta Telmo Padilha, em 1974, organizou e deu publicação a uma obra intitulada Moderna Poesia do Cacau. A obra possui dois pontos graves: o primeiro está no título, pois como aponta Hélio Pólvora no prefácio, “nem todos os antologiados são poetas do cacau”, e prossegue dizendo que melhor seria chamá-la genericamente de “poetas da região cacaueira da Bahia”. O segundo está no fato de ser muito abrangente e consequentemente pouco seletivo, expediente que não colabora para uma maior densidade literária da obra. Há ainda uma terceira questão: dispor em forma de versos um texto em prosa de Jorge Amado. Eis abaixo apenas dois trechos de As três Marias, retirados de Terras do sem fim, que na antologia virou Era uma vez três irmãs:

Era uma vez três irmãs:
Maria, Lúcia, Violeta,
unidas nas correrias,
unidas nas gargalhadas.
Lúcia, a das negras tranças;
Violeta, a dos olhos mortos;
Maria, a mais moça das três.
Era uma vez três irmãs
unidas no seu destino.

Cortaram as tranças de Lúcia,
cresceram seus seios redondos,
suas coxas como colunas
morenas cor de canela.
Veio o patrão e a levou.
Leito de cedro e de penas,
travesseiros , cobertores.
Era uma vez três irmãs.

            E por aí vai, nessa toada que circunda a redondilha maior, mas sem alcançar a graça da poesia e sua linguagem circular, metafórica, musical. O texto até segue uma modulação mais ou menos atenta à sonoridade, embora esteja por demais ligado à sintaxe. Também não deu certo.
Melhor, então, deixar o velho Jorge Amado no seu lugar? Acho que não. Sobretudo neste momento em que se cumpre o seu centenário há um interesse incessante sobre suas criações já consagradas em reflexões de grandes intelectuais e adaptações para cinema, teatro e TV. Mas vale um aviso: é melhor cuidar para não se cometer exageros. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Meu querido São João


Em 2009 passei o São João em Almadina, pequena cidade aqui do sul da Bahia. Confesso que – embora já tenha estado em festas como as de Senhor do Bonfim, Caruaru e Campina Grande – foi um dos melhores da minha vida, pois tudo é muito simples e tradições profundas, como formar quadrilha e pular fogueira, estão preservadas e são cultivadas com espontaneidade. Há fartura nas mesas e cadeiras na calçada.
À época, o que mais me chamou a atenção foi algo bastante curioso: transeuntes se achegam próximo às casas perguntando aos membros de uma família qualquer: São João passou por aqui? Se a resposta for positiva, então a pessoa tem permissão para entrar na residência e se servir da mesa daquele que passa a ser seu anfitrião. Tudo é movido por muita brincadeira, alegria e deliciosos licores. É a festa mais bonita e gostosa que eu conheço. Também é a maior festa do nordeste e não o carnaval, como muito podem pensar.

Aproveito para compartilhar alguns haikais que escrevi em decorrência dessa vivência que tive. Todos eles estão em Outros Silêncios (Mondrongo Livros, 2011).

noite de são joão –
fogueiras lambendo o céu
ofuscam estrelas.


devotas na igreja
agradecem pelas graças –
nos bares cerveja.


do mel do cacau
o delicioso licor –
chegou o são João. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Pulseira do Tempo


Boa opção para quem estiver em Salvador nesta quinta-feira é conferir o lançamento do livro A pulseira do tempo (Mondrongo Livros), do excelente poeta Renato Prata, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, a partir das 18:30h. Trata-se de uma obra que recupera a tópica clássica da mudança, contextualizada na particular relação com a linguagem que forja beleza em horas amargas de abertura à consolidada existência do autor: eis o poema a sobrepor-se à nossa condição de seres no tempo.
Neste seu terceiro livro o poeta confirma a sua sensibilidade nunca se entregando aos modismos que apenas fazem com que a poesia, em certos casos, não seja mais que o resultado de uma liberdade que beira o vulgarismo. Dessa forma, o poeta edifica poemas de múltiplas configurações, partindo do verso livre, passando pelas redondilhas, até chegar ao decassílabo com enorme desenvoltura.

Nada peças ou meças
Pelas horas do aparelho:
Estou que regularmente escapam
Neutras, por toda vida.

É vário, porém, o tempo e desmedido
Na duração de um mundo
Que nos move a nós
Sempre outros.

Quê de tempo sustém
Essa bolha de ar?
Quando é que vem o trovão
Apagar o raio?
Quanto tempo, quanto tempo
Vai dourar o te nome?
(A pulseira do tempo, p. 24)


A poesia tem sido uma dimensão presente em toda a existência de Renato Prata, que teve publicados "Sob o cerco de muros e pássaros", Prêmio Braskem de Cultura e Arte – Literatura (Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/Braskem, 2003) e "A Quinta Estação" (Salvador: Ed. do Autor, 2007). O autor é membro da Academia de Letras de Itabuna (ALITA), cadeira nº20.

domingo, 17 de junho de 2012

Inúmera é destaque na grande imprensa


Artigo de Milena Brito sobre obra de Daniela Galdino ressalta a eroticidade na poesia da autora.
clique para aumentar
O jornal A Tarde de 16 de junho, mais uma vez abre espaço para obra publicada pela Mondrongo. Dessa vez foi o livro Inúmera, de Daniela Galdino. A crítica literária Milena Brito destaca a força dos poemas eróticos da autora, dizendo que “o sexo e o gênero se mistura na poesia, homem adquire partes da mulher e esta o domina ou joga sob outras regras. Apenas em nenhum dos atos – ou poemas – a poeta deixa-se cair em armadilhas que a história deixou-lhe: é sempre uma força ser a mulher naquele jogo”. Quem quiser conhecer a obra e, respectivamente adquirí-la, CLIQUE AQUI.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Colóquio Internacional 100 anos de Jorge Amado


Promovido por instituições brasileiras e portuguesas, entre 24 e 26 de setembro acontecerá em Ilhéus, na Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, o importantíssimo Colóquio Internacional 100 anos de Jorge Amado: História, Literatura e Cultura. Participarão escritores e estudiosos de relevo nacional, entretanto causa-nos espanto a ausência de Jorge de Souza Araujo, profundo conhecedor da obra amadiana e autor do premiado Floração de imaginários: o romance baiano no século XX, seguramente o ensaísta e historiador literário mais aclamado da Bahia de hoje. 
          Os organizadores, em uma iniciativa elegante, criaram um blog com a finalidade de divulgar o evento e sua respectiva programação. Para acessá-lo basta CLICAR AQUI.

domingo, 10 de junho de 2012

Chamada para uma leitura arrasadora


          Em plena comemoração dos 100 anos de publicação do livro “Eu”, de Augusto dos Anjos, O poeta e ensaísta Silvério Duque lança um olhar sobre os pontos cegos do Movimento Modernista, excludente e “uma grande desgraça” para a nossa literatura, pois para o autor “Mário de Andrade não foi melhor nem nunca o será em retratar a urbis caótica do que um Lima Barreto, nem um Oswald de Andrade seria capaz de trazer tanta valorização ao passado, e às tradições culturais do Brasil, mais do que foram trazidas à luz no antológico Triste fim de Policarpo Quaresma”. Indo um pouco além, Silvério ainda pergunta “O que é o Manifesto Antropofágico frente àquele horror que nos traga, nos devora e, ao mesmo tempo, nos apaixona e nos faz admirados nos sonetos de Augusto dos Anjos?".
          Isso e muito mais na edição especial de A POESIA DO BRASIL.

sábado, 9 de junho de 2012

O inferno de Damasco


Ao povo Sírio

Paira no céu um abutre
uma nau que vaga no firmamento
atirando dos seus compartimentos
as bombas que arrasam
e arrastam famílias inteiras
para o inferno de Damasco.
De onde se encontra
nem mesmo com a sua mira
conseguirá enxergar na rua
 o próximo alvo
aquela criança sobre os escombros
chorando a morte da mãe
e que, desamparada, procura alento
na sua boneca decapitada.
Deus - se existe Deus -
onde quer que se encontre
faça cessar tanta iniquidade
tantas tristes canções
de homens em combate
e de jovens permanentemente
como jovens  sem escolhas.
Cantei feito um pássaro
quando uma filha nasceu
me fazendo esquecer
- pelo menos por algum tempo -
que do outro lado do mundo
outros filhos choram
o assassinato dos seu sonhos.

          Gustavo Felicíssimo

domingo, 3 de junho de 2012

O prazer que o peido dá


Imperdível esse vídeo com o meu amigo-irmão, Jotacê Freitas, recitando seu cordel O prazer que o peido dá.

Histórias Dispersas de Adonias Filho


Numa edição primorosa, com belíssimas ilustrações do desenhista baiano Ângelo Roberto, nascido em Ibicaraí, a coletânea Histórias Dispersas de Adonias Filho, com prefácio, notas e organização do escritor Cyro de Mattos, será lançada na Sede do Memorial Adonias Filho, em Itajuípe, no dia 08 de junho de 2012, às 19 horas. O livro foi publicado pela Editus, editora da UESC, e nele são apresentadas cinco histórias em que o escritor Adonias Filho transmite sua paixão por uma humanidade feita de verdades fundamentais através da visão dramática, lírica e amorosa, que palpita em seus protagonistas, nas passagens feitas de alusões e observações lúcidas.
“O Brabo e Sua Índia”, “A Lição”, “Nosso Bispo”, “Amor no Catete” e “A Volta” são as histórias que compõem a coletânea e que foram publicadas há mais de trinta anos, em revistas, jornais e antologias. A coletânea traz ainda uma pesquisa iconográfica feita com bom gosto pelo escritor Cyro de Mattos na qual é mostrado o consagrado romancista baiano Adonias Filho em momentos importantes de sua vida: tomando posse na Academia Brasileira de Letras, em sua fazenda Aliança, em Inema, em sua viagem a Luanda (África) e com os amigos Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Gilberto Freire.  

LEGÍTIMO CRIADOR  

Há que se destacar como posfácio na coletânea o estudo Experiência de um Romancista, do Professor Emérito Doutor Fred Ellison, da Universidade de Austin, Texas, com tradução para o português do Professor Emérito Doutor Luiz Angélico, da Universidade Federal da Bahia. Cyro de Mattos, no prefácio da coletânea, declara que “o tratamento digno que imprime o legítimo criador de linguagem à sua gente, nestas Histórias Dispersas, que ora acontecem no interior do sul da Bahia, ora na Capital, já demonstra aquele que seria em suacarreira de escritor, entre o trágico e o lírico, um dos maiores intérpretes da natureza humana feita de sortilégios, ermos e pesos da vida, em sua dimensão mítica povoada de mistérios”.

Fonte: ASCOM Memorial Adonias Filho