segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E por falar em Jorge Amado...


Fonte: Folha de S. Paulo - 29/10/2011

O centenário de nascimento de Jorge Amado, no ano que vem, é a oportunidade de atrair leitores para o "Balzac brasileiro", como o descreve Charles Buchan, agente literário sediado em Londres que negocia novas traduções do autor baiano para o mercado europeu. A Morte e a morte de Quincas Berro D´Água é o primeiro título dessa fornada: sai pela Penguin, com tradução de Gregory Rabassa, no começo de 2012. De acordo com a coluna Painel das Letras, editores da França, Itália, Suécia e até da China estão comprando também Jubiabá, Capitães da Areia, Bahia de Todos os Santos e Tocaia Grande.

Bienal do Livro da Bahia vai até 06 de novembro


           Até 06 de novembro o público poderá conferir no espaço atividades voltadas para a educação e a cultura que incentivam o hábito da leitura e ações de responsabilidade social, além do trabalho de 385 expositores, entre editores, livreiros, distribuidores, veículos de comunicação e instituições do setor. Na programação, destaque para o Café Literário onde acontecem bate-papos com autores. Nomes como dos escritores Cristovão Tezza, Fabrício Carpinejar, Luís Augusto Fischer e Nelson Motta estão confirmados. Ainda estão programadas atividades infantis, sessões de autógrafos, lançamentos de livros e visitação orientada para escolas. Em face do seu centenário, como não poderia deixar de ser, o grande homenageado desta edição é o escritor baiano Jorge Amado.

Confira AQUI a programação. Na postagem abaixo uma crítica de Henrique Wagner à programação e à estética da Praça da Poesia e do Cordel dessa nesna Bienal.

sábado, 29 de outubro de 2011


Ótimo texto de Henrique Wagner sobre a Praça de Cordel e Poesia da Bienal do Livro da Bahia. Infelizmente, o mais puro retrato da literatura baiana atual, imersa em perigoso jogo de poder. É só CLICAR AQUI.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Chuva. Chuva. Chuva.


Três haikais de Cloves Marques sobre...

Brotou uma folha.
Quando a chuva molha a terra,
não existe escolha.

***


A chuva é assim:
traz a vida, encharca a lida
é começo e fim.

***

Toques na vidraça.
A chuva tamborilou
como quem abraça.

Em: 365 haicais de sol e chuva

Chove. Há Silêncio


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, em Cancioneiro.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um haikai para iluminar o dia


Como de costume, comecei a trabalhar hoje bem cedinho, antes mesmo do primeiro canto do galo. Também como de costume, minha filha quando acordou veio ao meu escritório dar-me um beijinho e um abraço. Mas dessa vez pegou em uma das estantes da minha biblioteca um livro do haikaísta paraibano Saulo Mendonça e me entregou. Ao abrir o livro aleatoriamente um belo haikai brindou-nos com um pouco de luz nesse dia nublado e tão chuvoso.

Noite fria e escura.
Na memória, acendo
o candeeiro de meu pai.

Em: Pirilampo, 2005. Edição do autor.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Alguma prova em contrário?


Os 29 vencedores do 53º Prêmio Jabuti foram anunciados na última segunda-feira, 17.  Na categoria Poesia quem venceu, novamente, foi Ferreira Gullar, com Em alguma parte alguma (José Olympio). Dia 30 de novembro a obra ainda pode ser considerada pelo júri como o livro do ano. E ainda tem gente dizendo que o homi não é mais o mesmo. Particularmente acredito que ele está cada dia melhor. Alguma prova em contrário?

Querido Lavoisier


Já em poesia
nada se transforma
tudo se cria

o nada transforma
o tudo em cria

na forma do poema 
tudo há e nada havia

(no sobre/tudo se lia
no sabre nada se via)

mas transformar a poesia
- é tudo e nada, sabia?

Poesia de nada servia?
Poesia em tudo, seria?

Formas de tudo sorvia
Transe do nada sumia

- Lavoisier, sem folia
a poesia, noite e dia
seduz a melancolia

Jorge de Souza Araújo, em Os becos do homem.
Via Litterarum, 2ª edição.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

23º Encontro Nacional de Haikaístas


Realizado desde dezembro de 1986, em São Paulo, portanto há quase um quarto de século, é uma grande confraternização de admiradores e praticantes do haikai. Estarei presente (05/11) lançando OUTROS SILÊNCIOS. Também farei uma palestra intitulada O Haikai no nordeste e suas peculiaridades.

Mais informações AQUI.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A primavera do dragão


Nesta sexta-feira, 14, a partir das 19h, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, Nelson Motta lança o livro A primavera do dragão - A juventude de Glauber Rocha (Objetiva, 368 pp., R$ 56,90). Além da noite de autógrafos, haverá palestra no auditório do museu e projeção gratuita do longa Deus e o Diabo na Terra do Sol. O livro traz o relato sobre a juventude inquietante do cineasta baiano e a criação do Cinema Novo, que revolucionou a estética cinematográfica brasileira. Nelson traça o panorama de uma geração que inscreveu o Brasil no mapa do cinema internacional e arrancou elogios de Truffaut a Sartre.

Leia também um texto jornalístico sobre o acervo de Glauber Rocha em São Paulo CLICANDO AQUI.

domingo, 16 de outubro de 2011

Sonetos gêmeos de Jorge Luis Borges


XADREZ
    
1.  
Em seu grave rincão, os jogadores
as peças vão movendo. O tabuleiro
retarda-os até a aurora em seu severo
âmbito, em que se odeiam duas cores.
   
Dentro irradiam mágicos rigores
as formas: torre homérica, ligeiro
cavalo, armada rainha, rei postreiro,
oblíquo bispo e peões agressores.
    
Quando esses jogadores tenham ido,
quando o amplo tempo os haja consumido,
por certo não terá cessado o rito.
    
Foi no Oriente que se armou tal guerra,
cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como aquele outro, este jogo é infinito.

2.
Rei tênue, torto bispo, encarniçada
rainha, torre direta e peão ladino
por sobre o negro e o branco do caminho
buscam e vibram a batalha armada.

Desconhecem que a mão assinalada
do jogador governa seu destino,
não sabem que um rigor adamantino
sujeita seu arbítrio e sua jornada.

Também o jogador é prisioneiro
(diz-nos Omar) de um outro tabuleiro
de negras noites e de brancos dias.

Deus move o jogador, e este a peleja.
Que deus por trás de Deus a trama enseja
de poeira e tempo e sonho e agonias?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Festa literária na Bahia


A partir de hoje na histórica cidade de Cachoeira

A primeira edição da Flica – Festa Literária Internacional de Cachoeira -, vai até o dia 16 de outubro e terá discussões sobre literatura brasileira, paradidáticos e sua importância para a educação, autores baianos, história e negritude, o samba na realidade e na ficção, contexto racial nas Américas, o romance e a grande literatura, o livro em papel e o meio digital, poesia baiana contemporânea e a literatura underground, entre outros. Além disso, uma programação musical vai animar a festa diariamente. Nomes como Fernando Moraes, Leandro Narloch, o poeta português Pedro Mexia e o americano Bob Stein, especialista em livros digitais, já marcaram presença no evento, além de outros 29 escritores.
Estarei lá sábado e domingo. Para conferir a programação completa da Flica é só clicar AQUI.

sábado, 8 de outubro de 2011

Haikais de Tomas Tranströmer, o Nobel de Literatura 2011


Caríssimos, se não me engano, os únicos poemas de Tomas Tranströmer, escritor sueco vencedor do prêmio Nobel de Literatura 2011, traduzidos para o português, são haikais. Trata-se de uma rara oportunidade para o leitor brasileiro entrar em contato com a sua obra e uma grande alegria pra mim, cultor desse gênero há cerca de dez anos.


Os fios elétricos
estendidos por onde o frio reina
ao norte de toda música

***

O sol branco
treina correndo solitário para
a montanha azul da morte

***

Temos que viver
com a relva pequena
e o riso dos porões

Confira AQUI mais haikais de Tomas Tranströmer e outras informações osbre o autor.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Claraboia - Inédito de Saramago em e-book


Livro escrito por José Saramago na juventude e nunca publicado, Claraboia ganha edição virtual, em e-book, antes da versão impressa, que a Editorial Caminho manda para as livrarias portuguesas em 17 de outubro. Do autor sobre o livro: “Claraboia é a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também ingênuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o meu modo de ser.”