sexta-feira, 18 de junho de 2010

O CREDO DE DON JUAN

Esse poema faz parte do conjunto que venceu o Prêmio Bahia de Todas as Letras, edição 2009


Creio num Deus vil e atormentado
tal qual o mar quando a lua surge esquiva
com seu canto afastado, porém audaz,
arrogante em meio às visões de bem e mal,
cego ante a face exaurida do amor.
Creio nesse Deus, cujo reino não tem fim,
e ao mundo lanço o meu laço sabendo que após o gozo
viverei contraditória agonia.
Assim, como um ciclo que nunca se cumpre,
volto aos braços da sedução,
náufrago e só, tecendo a minha teia.
O fogo aquece o corpo e não arrefece,
mas a alma, dos seus tormentos não se esquece,
escarnece o céu não por prazer, mas por convicção.
Ah, ter escrúpulos é não ter mesmo nada!

Um comentário:

Uesley Santos. disse...

parabéns. Achei maravilhoso o desenholar da obra. Típico de um Dom Juan.Um grande abraço. Uésley santos.