quinta-feira, 1 de abril de 2010

O ceramista Osmundo Teixeira

Por Jorge Amado
Há algum tempo venho acalentando a vontade de mostrar neste blog alguns valores imensuráveis da arte da minha região, o litoral sul da Bahia. Além de Jorge Amado, essa região, que chamamos de Grapiúna ou Cacaueira, possui muitos outros valores. São poetas, que por aqui veem sendo publicados com alguma constância, mas são também cordelistas, contistas, atores, músicos, artistas plásticos e ceramistas, todos eles fazem dessa região uma das mais fortes expressões artísticas do estado. Um desses exemplos é Osmundo Teixeira, ceramista, santeiro, uma jóia de raro valor, sobre o qual conversava ainda há pouco com alguns amigos: o antiquarista Carlos Oliveira e o artista plástico Zebay, que foi quem me falou desse texto de Jorge Amado sobre a obra de Osmundo, que segue abaixo, e que foi publicado originalmente na revista Ventura em 2001.

Diz Jorge Amado: Maribeau Sampaio, escultor de Cristos e Madonas, pintor de santos, importante artista da grande geração que renovou a arte baiana, Carlos Bastos, Carybé, Jenner, Mário Cravo, Genaro de Carvalho, reuniu, no correr de muitos anos, uma das maiores e melhores coleções de imaginária do país. Acima de quinhentas peças, cada qual mais valiosa.
Envaidecia-se de possuir algumas peças de Frei Agostinho da Piedade, sendo que uma delas assinada: uma das quatro únicas assinadas pelo grande santeiro do século XVII.
Divertia-se colocando ao lado das imagens originais de Frei Agostinho, santos modelados por um ceramista contemporâneo, Osmundo Teixeira. Desejava que viéssemos e sentíssemos a herança transmitida pelo monge beneditino ao moço grapiúna. Não é que as peças se assemelhassem. Mais do que isso, elas tinham a mesma força de beleza e transmitiam idêntica emoção: as santas do século XVII e as de hoje possuem uma graça, uma ternura, uma condição brasileira, que lhes dão singularidade própria, que as diferenciam de todas as demais.
Frei Osmundo de Tabocas, assim Mirabeau denominava o santeiro itabunense, pois Tabocas foi o nome primitivo da cidade. Quem primeiro me falou desse artista que é meu conterrâneo, pois eu também sou nascido em Itabuna, não foi, como se poderia pensar, nem o colecionador Moysés Alves, tampouco Raymundo Sá Barreto que sabe tudo sobre letras e as artes grapiúnas, foi o jornalista português, doutor Nuno Lima de Carvalho, que seleciona os artistas que expõem na galeria do Cassino Estoril, uma das mais categorizadas de Portugal. Íntimo, ele também, da melhor imaginária, deixou-se seduzir pela arte de Osmundo e a fez conhecida do público europeu.
Em verdade, antes de ser um nome admirado e respeitado no Brasil, o moço de Itabuna mereceu os aplausos da melhor crítica da Península Ibérica.

Site oficial do artista:
http://www.osmundoteixeira.com.br/

2 comentários:

Hilton disse...

belíssima escultura! Se conheceres grandes poetas de sua região pode mandar seleções de seus poemas que terei o prazer em divulgar em meu Blog Poesia Diversa, além de artistas plásticos. Um grande abraço.

Zebay disse...

tudo bem gustavo? amei saber q aquela nossa humilde conversa, rendeu esse texto maravilhoso! um abraço do amigo zebay